O juiz Márcio Sauandag, da 22ª Vara Criminal, aceitou a denúncia por considerar que "há indícios de autoria e materialidade delitivas" e deu o prazo de dez dias para que os denunciados apresentem suas defesas por escrito.
Na denúncia do MP, a promotora Alexandra Milaré Santos pediu que as penas fossem agravadas pelo fato dos crimes que foram cometidos contra funcionário público, em razão de suas funções, e na presença de várias pessoas. Além disso, o pedido de agravo também foi feito por ofensas que foram realizadas durante o evento de "calamidade pública", ou seja, durante a pandemia do novo coronavírus.
"[os manifestantes] Permaneceram por aproximadamente 2 horas em via pública, oportunidade em que, utilizando-se de um microfone acoplado a alto-falante em um carro de som, realizaram diversas ameaças à vítima, tais como 'você e sua família jamais sair nas ruas deste país, nem há vinte anos' e 'nós iremos defenestrá-los da terra', bem como pelo fato de possuírem um caixão acoplado em um dos automóveis , simulando a morte do ofendido", justificou a promotora.
Antonio Carlos Bronzeri também foi alvo de outra ação do MP na sexta-feira (8), que retirou os vídeos de sua autoria que difundiam a falsa informação de que a pandemia da Covid-19 não existe.
O advogado dos réus Danilo Garcia de Andrade: afirmou que "é uma inverdade do Ministério Público o uso de caixão na porta do ministro Alexandre de Moraes; também não houve utilização de caminhão de som ou de carro de som na manifestação. Foi usado um veículo particular Zafira, onde foi colocado uma caixa de som em cima deste automóvel."
A Justiça de São Paulo já havia determinado neste domingo (3) novas punições para os dois bolsonaristas que foram presos em flagrante no sábado (2) durante o protesto em frente ao prédio do ministro, em São Paulo.
A decisão proibiu Antonio Carlos Bronzeri e Jurandir Alencar de manterem qualquer contato com o ministro, pessoal ou indireto, por qualquer meio de comunicação, devendo manter distância mínima de 200 metros de Alexandre de Moraes.
Além disso, também foi determinado recolhimento domiciliar durante a noite e nos dias de folga para os acusados, proibição de deixar a cidade por mais de 8 dias sem autorização judicial, e comparar cimento bimestral em juízo assim que as atividades presenciais do Tribunal de Justiça de São Paulo forem retomadas.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública, o engenheiro de 64 anos e autônomo de 58 anos foram presos em flagrante no sábado (2) por difamação, injúria, ameaça e perturbação sossego alheio. Após pagar em fiança, foram colocados em liberdade. Um empresário de 35 anos, que também foi detido durante o protesto, foi autuado por perturbação de sossego e, após registro do termo circunstanciado, foi liberado.
"Em se tratando de crimes aparentes contra a honra e havendo representação da vítima, [...] um cautelar de proibição de contato se mostra razoável e proporcional. Pelas imagens que foram veiculadas pela imprensa, [...] é possível verificar-se que os autuados pretendiam e queriam manter com a vítima tipo de contato, o que não é, evidentemente, o meio adequado para se exercer a liberdade de manifestação e expressão, constitucionalmente garantida", afirma a juíza Carla de Oliveira Ferrari na decisão, que atendeu a pedido do Ministério Público.
No documento, ela também aponta para as medidas de isolamento social pelos manifestantes.
"Os fatos ocorreram em meio a uma pandemia mundial, durante o qual o isolamento social é tido como a medida mais eficaz para o combate à rápida proliferação do vírus. Apesar disso, os autuados descumpriram as orientações das autoridades sanitárias e também das autoridades do Executivo local, provocando aglomeração, com sério risco à saúde dos presentes e também aqueles que acabaram tendo de ser acionados em função da ocorrência."
Cerca de 15 pessoas se reúnem com bandeiras do Brasil, cartazes e uma caixa de som e gritaram ofensas contra Alexandre de Moraes e palavras de ordem contra o Supremo em frente ao prédio do ministro. A Polícia Militar foi acionada e os três homens foram detidos.
Na quarta-feira (29), Moraes suspendeu a nomeação de Alexandre Ramagem para a diretoria-geral da Polícia Federal. O ministro alegou desvio de finalidade, já que havia indícios de que o presidente usaria a carga para coletar informações de processos.
Ramagem, que é amigo da família Bolsonaro, foi escolhida pelo presidente da República para engrossar a PF, em substituição a Maurício Valeixo. A demissão de Valeixo por Bolsonaro levou à saída do então ministro da Justiça Sergio Moro, que acusou o presidente de tentar agir politicamente na Polícia Federal.
O ministro afirmou à TV Globo que representou os manifestantes para a delegada do 14º Distrito Policial, onde o caso será investigado. "Prisão em flagrante documentada com áudios e vídeos. Já representei para a delegada prosseguir com o inquérito", disse Moraes.
Cadastre seu email e receba nossos informativos e promoções de nossos parceiros.
Mauro Benevides - Decoro parlamentar vilipendiado
Tom Barros - A retomada de um sonho tricolor